Photo by FORREST CAVALE on Unsplash

Cano de descarga

O que leva uma pessoa a se expor publicando seus escritos como se a escrita fosse um cano de descarga?
Talvez a quase asfixiante necessidade de aprovação?

Fabio Pires
2 min readSep 30, 2024

--

Pessoas resolvidas?
Não mesmo.
Talvez seja o prazer, quase envergonhado, de saber que possa realmente se fazer entender através de algum meio.
De alguma maneira, afinal muitas vezes esse sujeito se esconde nas palavras.

Compreendê-los?
Pouco provável que seja feito na totalidade.
Levemos em consideração que nem sempre o escritor, seja ele de prosa ou poesia queira se fazer entender.
Ou mesmo consiga se fazer entender.
E nesse caso me enquadro. Na verdade só não sei se poderia me considerar um escritor.

Afinal, qualquer um pode se autointitular escritor, não?

Porém o que fazer para ser considerado um?
Ou mesmo se sentir um?
O que fazer?
Somente os que ganham a vida desta maneira têm este direito?

E os tantos milhares que aprimoram seus pensamentos no silêncio de suas casas ou em algum canto obscuro de seus raciocínios?
Não podem ser considerados escritores?

Será que ainda seguimos quietamente o modelo defendido por Schopenhauer que dizia que apenas uns poucos deveriam ter esta incumbência e ter o direito a usar tal designação?
Não defendo a má literatura, como Schopenhauer mesmo a combatia ferrenhamente, apenas defendo a possibilidade do público escolher o que deseja ler.

Apenas defendo o direito de escolha.

Para ultrapassar a barreira quase intransponível criada pelos ditos profissionais do assunto é preciso ter paciência.
Para fazer parte deste “clube” é preciso muito mais que paciência e tenho sérias dúvidas se a tenho em suficiência.
E talvez não tenha nenhum dos outros possíveis requisitos.
Sobrenome certamente não.

Escrevo para mim primeiramente, como se a escrita fosse um cano de descarga em que excluo e divido com o leitor todas as minhas dúvidas, receios, convicções e tormentas.
Como Sebastião Nunes, prefiro me manter à margem disso tudo e apenas escrever.
E escrever.

Gostou do texto?
Conheça outros através dos meus livros! Que Tal?

Confira os meus livros no site oficial da IS! (https://estanteis.minhalojanouol.com.br/)

Pelos Velhos Vales que Vago (2013 coletânea de poesias.)

Flores Marginais em um Jardim Sujo (88 crônicas retratando as nuances do lockdown na pandemia e SELECIONADO AO PRÊMIO JABUTI 2022)

Contribua com o trabalho do autor através do pix: 02629475794.

--

--

Fabio Pires

Escritor com dois livros lançados, Editor, Redator, Tradutor e escreve na Impérios Sagrados, no Projeto C.O.V.A e na Revista In-Cômoda.